Ampliação de Carga Reduz Curtailment em 17% — O Que Isso Significa para a Transição Energética Brasileira
- Fernando Witzel

- há 1 dia
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Um novo estudo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) traz uma perspectiva interessante para os desafios operativos do sistema elétrico brasileiro: a ampliação da carga em cerca de 4 GW até 2030 pode reduzir o volume de curtailment em cerca de 17% no horizonte de planejamento do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O curtailment — também chamado de “restrição de geração” ou constrained-off — ocorre quando a geração de energia renovável é reduzida propositalmente pelo ONS para manter a segurança e equilíbrio do sistema elétrico, principalmente em horários de baixa demanda e alta produção solar ou eólica.
Entendendo o cenário do ONS
O estudo faz parte do Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo (PAR/PEL) 2026-2030 e avaliou um cenário de ~4 GW adicionais de carga no SIN — distribuídos como:
~3 GW de carga no Nordeste
~1 GW no Sudeste, com perfil relativamente estável ao longo do dia
Essas cargas extras refletem grandes consumidores, entre eles data centers e cargas eletrointensivas, que estão aumentando seus pedidos de conexão em pontos estratégicos da rede.
Por que a ampliação da carga reduz o curtailment?
O principal motivo está no equilíbrio entre geração e consumo:
Em momentos de alta geração — especialmente no meio do dia, quando a energia solar atinge seu pico — a geração renovável pode superar a demanda visível da rede.
Isso exige que o ONS execute cortes para manter o sistema dentro dos limites técnicos seguros da rede.
Ao elevar a carga média do sistema, parte dessa energia que seria cortada passa a ser absorvida, reduzindo a necessidade de restrições.
Nesse cenário simulado, a ampliação de cargas significativas faz com que o volume de curtailment projete-se 17% menor do que seria sem essa expansão da demanda.
Ainda assim, o estudo aponta que o curtailment não desaparece, permanecendo particularmente intenso entre o fim da manhã e o início da tarde — período em que a geração solar é mais abundante e a carga líquida tende a diminuir.
O papel dos grandes consumidores na dinâmica do SIN
A entrada de grandes cargas no sistema elétrico (como data centers) altera a dinâmica de oferta e demanda de forma importante:
Elevação da carga média
Consumidores industriais e altos usuários têm perfis mais estáveis ao longo do dia, o que ajuda a “suavizar” flutuações e reduzir momentos de baixa demanda que exigem cortes na geração renovável.
Impacto regional
A concentração de cargas no Nordeste, onde há forte presença de geração solar e eólica, tem um impacto direto na operação regional — reduzindo o excesso de produção não consumido localmente e, consequentemente, o curtailment.
Limitações remanescentes
Mesmo com essa elevação de carga, a natureza sazonal e intradiária da geração renovável continua a exigir cortes em janelas específicas, especialmente no período em que a irradiância solar atinge seu pico e a carga tradicionalmente baixa não absorve toda energia disponível.
Como a ePowerBay ajuda a navegar esse cenário complexo

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Cenários de carga e demanda
Ferramentas que permitem simular diferentes níveis de demanda (incluindo grandes consumidores) e observar o efeito sobre o balanço geração-demanda e o curtailment.
Insights para planejamento e investimento
Dados robustos apoiam decisões estratégicas de expansão, negociação com grandes consumidores, localização de novos pontos de conexão e avaliação de reforços de transmissão.
Conclusão: carga como elemento de flexibilidade
Os resultados do estudo do ONS mostram que:
Maior carga pode reduzir o curtailment — trazendo maior utilização da energia renovável instalada;
Grandes consumidores desempenham papel estratégico nesse equilíbrio;
O curtailment permanece um desafio estrutural que exige soluções técnicas, regulatórias e operacionais integradas.
E, diante dessa complexidade, ferramentas como a ePowerBay são essenciais para transformar dados em insights e oportunidades reais.
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