ONS Alerta para Risco de Sobreoferta na Geração até 2029
- Contato ePowerBay
- 18 de jun.
- 3 min de leitura
Estudo aponta que 96% dos cortes de energia previstos serão causados por excesso de oferta frente às limitações da rede
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revelou uma projeção que alerta para um dos maiores desafios estruturais da transição energética brasileira: a sobreoferta de geração renovável. Segundo o órgão, 96% dos cortes de energia esperados até 2029 serão motivados por excesso de energia disponível sem capacidade de escoamento.
Esses cortes ocorrem mesmo com condições normais de operação do sistema — sem falhas técnicas ou restrições emergenciais — e são conhecidos como curtailment por sobreoferta sistêmica. Trata-se de um problema que afeta diretamente geradores, comercializadoras e consumidores do Ambiente de Contratação Livre (ACL), além de comprometer os objetivos nacionais de descarbonização.
A raiz do problema: geração cresce, rede não acompanha
O crescimento exponencial da geração solar e eólica no Nordeste e Norte do Brasil tem contribuído de forma significativa para a diversificação da matriz elétrica. No entanto, as obras de transmissão — necessárias para integrar essa geração ao Sistema Interligado Nacional (SIN) — muitas vezes sofrem atrasos ou não têm escala compatível com o volume de novos projetos.
Esse descompasso entre oferta e infraestrutura se manifesta principalmente:
Durante horários de pico de geração solar, quando há mais energia do que o sistema pode absorver;
Em regiões com concentração elevada de empreendimentos, resultando em congestão local;
Na ausência de mecanismos de armazenamento ou resposta da demanda para absorver os excedentes.
A consequência é o desligamento parcial ou total de usinas mesmo em condições operacionais ideais — um desperdício econômico e energético com impactos em toda a cadeia do setor.
Consequências para o mercado
A sobreoferta traz uma série de riscos:
Redução da receita dos geradores, que deixam de comercializar energia que poderiam produzir;
Aumento do risco regulatório, afastando investidores e encarecendo o financiamento;
Desestímulo a projetos futuros em regiões críticas, mesmo com alto potencial renovável;
Insegurança para consumidores corporativos e comercializadoras, que enfrentam incertezas quanto à entrega dos contratos.
Além disso, a sobreoferta sistemática pode dificultar o cumprimento das metas ambientais assumidas pelo Brasil e criar um ambiente de volatilidade nos preços de energia no ACL.
O que está sendo discutido?
O ONS e o Ministério de Minas e Energia (MME) vêm buscando alternativas para mitigar o risco de curtailment por sobreoferta, como:
Flexibilização operativa do sistema, com revisão de restrições de intercâmbio entre regiões;
Ampliação da rede de transmissão, com foco em obras estruturantes e antecipações;
Integração de tecnologias de armazenamento;
Incentivos a projetos mais distribuídos geograficamente e conectados em pontos menos saturados.
No entanto, tais soluções demandam tempo e coordenação. Por isso, é essencial que os agentes do mercado atuem com dados confiáveis e inteligência de planejamento.
Como a ePowerBay apoia a gestão de riscos de sobreoferta
Na ePowerBay, disponibilizamos ferramentas desenvolvidas para apoiar a tomada de decisão diante de riscos como o curtailment. Veja como você pode se antecipar:
1. Análise Técnica de Conexão
Visualize os projetos por subestação, tensão de conexão e localização geográfica, identificando zonas com alta densidade de geração ou saturação de rede.

2. Painel de Geração Centralizada
Monitore a evolução da capacidade instalada por estado, fonte e grupo econômico. Avalie onde a geração cresce mais rapidamente do que a infraestrutura de escoamento.

3. Monitoramento de Curtailment
Acompanhe as regiões com maior incidência de cortes operacionais, identificando os riscos por zona de carga e tipo de fonte.

Comments