Mercado Livre avança com a alta no preço de energia
Autor: Manoel Ventura
Na tentativa de fugir dos altos preços cobrados pelas distribuidoras de energia elétrica no país, 1.700 novos consumidores entraram para o mercado livre de eletricidade no ano passado. Esse segmento de venda da energia, voltado para grandes consumidores, permite ao cliente escolher de quem comprar e negociar preço e duração do contrato.
Com tarifas cerca de 20% mais baixas que as do mercado cativo — em que se é obrigado a comprar o serviço da distribuidora local, como Light e Enel —, o mercado livre cresceu 17% em 2017. Os dados estão no balanço anual da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), que representa empresas que atuam na compra e venda de energia nesse mercado.
O faturamento total das empresas que operam o mercado livre chegou a R$ 110 bilhões no ano passado, de acordo com a entidade. Em 2017, os maiores crescimentos de consumidores foram nos setores de comércio (63,3%), serviços (39,1%), saneamento (32,4%) e alimentos (38,1%).
— O consumidor vai para o mercado livre por conta de preço e pela qualidade no atendimento. Se tem disputa no mercado, o agente trata melhor o consumidor. O mercado livre propõe soluções energéticas, não é só a energia mais barata — disse o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros.
De acordo com a associação, cerca de 30% de toda a energia comercializada pelo mercado livre vieram de usinas eólicas, solares, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Isso ocorre porque parte da eletricidade do segmento precisa ser contratada de fontes limpas.
Abertura até 2026
Segundo Medeiros, é possível que cerca de oito mil empresas entrem para o segmento. Atualmente, para ter acesso ao mercado livre, é preciso ter uma conta de luz de cerca de R$ 100 mil mensais. Por isso, os consumidores residenciais estão fora.
O governo já elaborou um projeto de lei para abrir gradualmente o mercado livre até 2026, dentro de uma ampla reforma no setor elétrico. Isso deverá reduzir os custos da energia para empresas menores, como supermercados, padarias e comércios de médio porte, ao permitir contratar a eletricidade diretamente do gerador. Mas elas terão de contar com um sistema de abastecimento de energia específico, ao menos, de média tensão.
Para os clientes residenciais, porém, nada muda. O texto sugere a realização de estudos para elaborar uma proposta para o segmento até 2022.
— A previsão é que o movimento de migração continue este ano, muito por conta dos aumentos tarifários autorizados para as distribuidoras e da disponibilidade de energia no sistema — disse o presidente da Abraceel.